quarta-feira, 16 de maio de 2007

Projetos

Nos últimos dias, devido à mudança repentina, embora esperada, da minha rotina que por sua vez é o prelúdio de uma vindoura mudança ainda maior, e ainda mais esperada, tenho pensado muito sobre o blog. O fato de o último post não ter rendido comentário algum, muito embora eu o tenha pensado como uma bela sacada, a la Romário, associado ao fato de eu não ter controle algum sobre a frequência das visitas, me dão a impressão de que este blog, como todos os meus outros lances geniais, está morrendo antes de nascer. Se fosse o caso só lamentaria a triste perda para a humanidade.

No entanto, ao invés de fechar as portas, botar as cadeiras viradas viradas sobre as mesas, desligar a música e esperar sentado e com sono que os últimos clientes – bêbados demais para se sentirem constrangidos – saiam do recinto, tenho pensado em transformar esse espaço num empreendimento mais rentável, do ponto de vista da minha satisfação com sua manutenção. Trocar o piso, lavar as cortinas, sujar os móveis e, é claro, derrubar algumas paredes, deixando o ambiente mais agradável e a comunicação com o mundo de fora mais intensa.

Não vou negar, o que me fez ter essas idéias foi uma passeada pela assim chamada “blogosfera”, termo que me causa arrépios – assim, com o acento no e. Pra começar, entre os 20 blogs melhor ranqueados no Brasil, algo como 15 – ok, posititivas, eu não contei, estou chutando – versam sobre tecnologia, internet, mundo geek, cibernáutica e congêneres. Calma! Não vou começar a postar sobre as novidades do mercado de microprocessadores ou sobre as últimas aquisições do Google. Na verdade, é exatamente o contrário. Nada contra, mas no nosso canto mudam-se as cores das paredes, o estofado das cadeiras e (até mesmo, vejam só) a marca da cerveja, mas na música ninguém toca, se me permitem a infame piadinha.

Sim, sim, sim. Continuaremos fazendo por aqui o caminho rock - indie rock - indie pop – pop. Evidentemente mais na inspiração do que nos temas, pois, é claro, enquanto a música toca, não precisamos conversar apenas sobre ela. E a proposta é exatamente essa: conversar. Chega de monólogo. Nada de pedestais, torres de marfim ou, mais adequadamente, nada de bolhas. Minha idéia é básica e primordial: angariar interlocutores. Pessoas que falam, balbuciam, gesticulam ou mesmo que esperneiem batendo as mãos contra a mesa, os pés contra o chão.

É assim. As idéias de mudanças aqui descritas acompanham as mudanças das minhas idéias. Deixamos a revolução, entramos na hibridação, na mistura, na, algo aparente, (con)fusão. E percebam só as permanências: contino com essa maldita linguagem vaga, que apenas prediz. Muitos sabem, pra mim a escrita não deve ser conclusiva e “mensagista” e sim aberta e vetorial. De qualquer forma, essa pequena invernada me fez perceber que a qualidade textual não é nem está perto de ser o primeiro requisito para o sucesso de um blog, muito embora alguns proponham para si tal virtude e outros, poucos, realmente a tenham. Porém, a idéia de que “não importa o chop, o que importa é que aqui ele é servido nas melhores canecas” também não me agrada, tampouco a idéia de ser visto para ser lembrado. Desafios.

No frigir dos ovos, não estou criticando meus leitores, que com seu eventual sepulcral silêncio me dão a sensação de conforto. Ando pelado pelo blog. As mudanças que virão, ainda não as revelo. Talvez por não as ter já prontas, talvez por ainda não estar decidido a fazê-las. Afinal, como tem sido desde o ínicio, nada acontecerá se este post for mais um exercício público de linguagem, organização de idéias ou diletantismo puro, não é verdade? No entanto, a esse respeito não posso fazer muito mais que torcer.