terça-feira, 31 de julho de 2007

















Envelheço na cidade.

























segunda-feira, 30 de julho de 2007

Poema sem título



Eu sou uma máquina.
Uma máquina de desferir ofensas.
Uma metralhadora.
Um ego mal-criado.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Algo


Que algo me tiene que despabilar,

Algo que despabilar




Los Tipitos - Algo

Ya no quiero esperar más

Tengo miedo que pasó
Algo inesperado el centro
Siempre es impredecible

Tengo miedo que pasó
Lo que no pedo decir
Si tan sólo cruzarás
La puerta en ese instante
Delante de este fuego
Que miro sin remedio
Hay una llama que te llama
Sin parar.

Una vela es para mí
Otra vela es pa'l Señor
Y pa' María Santísima
Que el Señor y María
Te cuiden también hoy
Que no estoy cerca y te dejé llevar por otros manos
Mirando como un niño
Dejé caer la arena tristemente entre
Los dedos ah, ah, ah.

Algo que viene y que pega y que duele,
Que algo me tiene que despabilar,
Algo que despabilar
La suerte va a cambiar
Hace cuánto no ganás.

Algo me tiene que despabilar, algo que despabilar
La suerte va a cambiar
Hace cuánto no ganás una.

domingo, 22 de julho de 2007

Erasure

Se você tem entre 20 e 26 anos deve ter visto isso sentado no sofá e tomando nescau.
Você não deve ter percebido como a música é legal.
Você não deve ter achado tudo exagerado, das cores ao tamanho da ombreira da xuxa.
Você não deve ter se divertido com a pronúncia de "Erasure" da apresentadora.

Enfim, você era feliz!

Eu, como todos que nasceram nos 80, tive uma infância em cores extravagantes, tive mullets, estojo com apontador-régua-termômetro-lupa e que ainda tocava música (uma, em 2 tons), tive caneta de 10 cores, régua-pulseira, vai-vem e outras mil porcarias importadas de taiwan. No meio desse lixo, como pude ser feliz? Pensava. Agora, vendo Erasure em pleno Xou da Xuxa, acho que consigo compreender porque minha geração apenas chegou muito perto de ser a mais estúpida de todos os tempos. Você nunca leu a minha cartinha, xuxa, mas obrigado pelo erasure.


sábado, 21 de julho de 2007

Jackson's Five em I Want You Back


Simplesmente fantástico!

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Dia da antipatia gratuita


Ato 1 - Filmes

Não gosto nem um pouco de filmes com cachorros, com crianças, com irmãos gêmeos, com heróis, com ninjas, com inspetores de polícia, com times de futebol, com times de futebol americano, com times de baseball, com times de basquete, com pés-grandes, com espíritos das florestas, com cenas em portos, com cenas de kung fu. Odeio visceralmente, dentre estes, os de tipo misto, ou tipo combo. Cachorros com crianças, cachorros policiais, crianças gêmeas, gêmeos policiais, gêmeos ninjas, crianças ninjas, crianças com espíritos das florestas, times infantis de basquete, basebal, futebol ou futebol americano, policiais infantis, heróis infantis, heróis que lutam kung fu, cenas de policiais lutando kung fu, cenas de kung fu em portos, cenas de policiais lutando kung fu em portos, cenas de policiais lutando kung fu em portos auxiliados por duas crianças gêmeas ninjas.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Ai, a televisão - 1º bloco

Quem já teve o desprazer de assistir à transmissão de alguma partida de futebol – e quem nunca o teve? - sabe como essa experiência pode ser extremamente desconfortável. Um jogo de futebol é uma coisa exageradamente simples. Para alguém que conheça as regras básicas do esporte, qualquer partida é auto-explicativa. Jamais vai acontecer de, no meio do jogo, os times misturarem os jogadores, de colocarem uma “bola-extra” ou de o juiz parar a partida para ir tomar uma cervejinha e comer um risóles de carne no boteco da esquina. Ademais, se acontecer, todos sabem que é excepcional, irregular, não vale. Igualmente, saber o nome do jogador com a bola em nada interfere na compreensão do lance, também pouco importa saber que o goleiro de tal time é o “mais vazado” do campeonato ou se a mãe de outro jogador se chama Dália, tem 59 anos, é dona de uma pastelaria na baixada fluminense e que só assiste aos jogos do filho com uma imagem de são jorge na bolsa (a mesma há 20 anos). O que quero dizer é que ninguém precisa de ajuda pra assistir a um jogo de futebol. Narrá-lo e ainda comentá-lo é um exercício de multiplicação dos pães informativo. É espremer o que a realidade tem de mais óbvia, fazê-la render. Que diabos, alguém precisa que uma pessoa – geralmente bastante desagradável – diga que “fulano chutou a bola” quando seus próprios olhos tiveram a dadivosa chance de fazer essa mesma observação?! É preciso que alguém diga, grite, grite loucamente “gol” quando isso é evidente? O que eles estão querendo? Atingir algum nível profundo da realidade encoberto sobre esse nível enganador da aparência? Acabar com o fetichismo do jogo de futebol? Longe disso. Independente de todas as interpretações mais ou menos conspiratórias, que julgo válidas, acredito que “ao nível de sua apresentação” esse tipo de transmissão é o aprofundamento do banal, o ridículo de óbvio meticulosamente exposto. Evidentemente, poderíamos ir além, afinal, o show de horrores continua quando, ao fim do jogo, os jornalistas correm para o gramado para que os jogadores façam aqueles perspicazes comentários como “nosso time teve a felicidade de marcar um gol no primeiro tempo mas no fim do jogo tivemos a infelicidade de tomar um gol e saimos com um empate que não é tão bom como uma vitória”. Aqueles que concatenam três frases sem erros graves de gramática viram comentaristas após se aposentarem. Enfim...

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Queira, por favor, ter a bondade de só ler este texto assaz longo após ter lido o anterior, sobre o nobre Carlos.

* * *

Discurso sobre a estupidez voluntária

A pior parte de fazer promessas é ter de cumpri-las. Nisso gostaria de ser como o meu avô, que prometia os céus, quando muitas vezes não podia dar sequer um pedacinho aqui da terra. Não fazia por maldade. Seu desejo de presentear, de ajudar, era sincero. Gosto de acreditar que ele prometia pelo prazer de ver a felicidade nos olhos das pessoas por quem tanto carinho nutria. Este dom, o de conseguir fazer a promessa ser mais importante e mais efetiva que a realização, porém, é para poucos. Ainda não sou capaz de dizer se o tenho. Talvez sim, talvez não. O fato é que após quase dois meses de uma promessa de reformulação do blog, não estou me sentindo satisfeito nem vendo alegria nos olhos das poucas mas valiosas pessoas que por isso ficaram esperando. Sinto-me constrangido, isso sim.

Ok, vamos lá. Abramos a caixa de pandora e deixemos que todos os males que ocupam esta pobre alma que escreve vagueiem mundo afora. Ocasionalmente, logo advirto, algum deles poderão atingir ao leitor. Nada, porém, acontecerá de muito grave. Coleciono tormentos a vida toda e nem por isso me tornei um ser abominável (é, se você me tem como um ser abominável, não continue lendo). Talvez expostas as minhas inquietações possamos fazer uma operação de exorcismo amador, ou quem sabe uma sessão de terapia do abraço, que me permita enfim levar adiante esse projetinho virtual.

Em primeiro lugar, havia decidido parar completamente de publicar aqui textos ficcionais, mini-contos, ensaínhos, frescurinhas e qui-qui-qui. O motivo, dito em bom português brasileiro, é que eles são ruins. Tudo bem, sei que muitos dirão o contrário, que são bons, que devo continuar escrevendo e outras mil frases de incentivo. Ora, todos os que passam por aqui são amigos ou parentes. Irão me aplaudir mesmo se eu dançar meu-pintinho-amarelinho de cueca. Acontece que, pelo menos nesse momento, eu não levo jeito pra coisa. Posso até dominar razoavelmente a língua. Posso até ter uma imaginação engraçadinha. Mas no fim das contas, não tenho conseguido juntar ambas as coisas numa produção interessante. Também pudera, um cara totalmente negligente com esse tipo de literatura não poderia dar um grande escritor. Mas, aviso, sequem suas lágrimas. Isso é temporário (farei uma oficina de composição de textos ficcionais – nas férias).

Isso tudo não vale para as poesias. Pela simples razão de achar que “poesia” é uma categoria residual onde ainda há muito espaço para a inspiração e a liberdade de criação. Claro, há aqueles que também têm a poesia como uma ciência exata, inútil se incapaz de ser mensurada numa escala de qualidade. Esse tipo de gente há pra tudo no mundo. Entre no Google e procure sobre a melhor maneira de apertar as teclas do telefone. Provavelmente haverá, em algum lugar desse vasto mundinho, um debate refinadíssimo, cheio de protuberâncias e reentrâncias, sobre o assunto. Deixem-nos lá com suas definições e deixem-me cá com minha representação ainda que naïf de poesia. Isso era o segundo lugar.

Deixando de lado as coisas já existentes, discutamos bem rapidinho as prospecções para o futuro (com toda sua redundância). Eu tinha planejado começar a postar aqui coisas mais afinadas com o que se pensa hoje sobre “blog”. Antes que eu me esqueça, esse é o terceiro lugar. Pensava em escrever ensaios de opinião sobre coisas “que estão aí”, debates públicos sobre temas variados, indo de cultura política a política cultural. Essa é uma coisa que eu sempre fiz em todo lugar, tendo me rendido inclusive o prêmio nunca revelado de o chato dos bares. É, falar de problemas raciais ou de filmes espanhóis quando todos querem falar sobre suas aventuras no puteiro não garante uma boa imagem (apesar da freqüente proximidade entre os dois últimos). De qualquer forma, como este blog é algo que está a disposição e pode ser visitado espontaneamente a qualquer momento, inclusive quando não se está bêbado, acredito que possa ser uma boa válvula de escape escrever sobre essas coisas aqui. De repente até começo a falar de futebol nas noites de sábado.

Em quarto lugar está outra coisa que gostaria muito de fazer. Essa, porém, não está diretamente ligada a uma marca de formação “profissional”, como a anterior. Está mais relacionada a um traço da minha formação pessoal. Muitos sabem do meu gosto por música. Já postei, inclusive, algumas letras de músicas e comentários a respeito. Tinha em mente aprofundar essas investidas, apresentando bandas, discos e músicas que, acredito, não são conhecidas por todos os que por aqui passam. Também havia pensado em fazer algo parecido com cinema. Aviso, porém, que não sou cinéfilo. Não me concentraria em filmografias nem em aspectos técnicos das obras. Meu interesse era mais fazer “leituras comentadas” sobre alguns filmes que me despertassem interesse.

Passemos agora aos grandes impasses. Apesar de as idéias aqui apresentadas não serem nem um pouco originais, pelo contrário, são apenas a aproximação com um modelo já convencional de se fazer um blog – inspiradas mesmo na observação “de campo” – elas são pra mim de difícil execução. Primeiro, elas atingem mortalmente um senso de ridículo “sempre alerta” que mora em mim. Esse senso de ridículo é mau-humorado, neurótico e perfeccionista. Reage com violência a “grandes idéias” e é extremamente cioso de sua imagem. Detesta fazer mal qualquer coisa que alguém, em algum lugar do mundo, faça bem. É, em suma, um chato. A minha felicidade é que ele é também alcoólatra e algo fanfarrão, distrai-se com coisinhas para brincar. Assim, o primeiro movimento que devo fazer para executar essas simplórias idéias é o de alimentar os vícios desse pedaço de mim que surgiu como o dividendo da adolescência. Farei isso, farei. Segundo, a aplicação das idéias exigirá de mim uma

disciplina que jamais tive. Esse jamais é jamaaaaais, nuuuuuunca. Isso é um desafio, um belo desafio. O terceiro e talvez maior macaco gordo sobre as minhas costas é uma coisa bem simples. A constatação de que a imagem que tenho de blogueiros, principalmente os de sucesso, é a de grandes imbecis, fenômenos da era midiática no que ela tem de pior (pois quero crer que ela tem algo de “melhor”), o culto à nulidade. Parecem-me, basicamente, antas antenadas que escrevem sem pensar. Esse medo é diferente do tal senso de ridículo pois não diz respeito a fazer algo mal, justo o contrário, é um medo de fazer muito bem algo que me desagrada.

Então, como esse texto se auto-destruirá em 300 caracteres, deixo por aqui minhas angústias. Prometo que é a última vez que prometo a mim mesmo que jamais voltarei a escrever sobre mim no blog. Não sei se o farei. Peço, por fim, a você, querido leitor ou leitora, que me acompanhou até aqui, que torça, ore, reze, peça a são mindinho, para que eu entorpeça esse monstrinho que me poda, que eu consiga me disciplinar e que, se invevitável for que eu me torne mais uma anta midiática, que ao menos eu não perceba isso antes do tempo de escrever meia dúzia de palavras. No fim das contas, continuamos no vale fértil das promessas. =)

terça-feira, 10 de julho de 2007

A morte de Carlos


Morava em minha casa uma pessoa que muito eu estimava. Estava sempre disposto a ajudar, solícito mesmo. Nunca o vi de mau-humor. Ainda quando acordado às 08 da manhã num domingo, demonstrava uma simpatia que fazia com que dirigir qualquer tipo de ofensa ou mesmo palavra mais rígida a ele se tornasse algo digno de vergonha. Realmente um grande ser humano. Era o tipo de pessoa com quem se pode contar. A bem da verdade, meu primo Carlos era daqueles que se destacam nos momentos difíceis. Aquela pessoa que puxa para si a responsabilidade de tocar o barco, custe o que custar. Jamais poderei esquecer os momentos em que, prestes a perder as esperanças, tive em Carlos uma mão amiga. Mais que isso. Como fiel companheiro, em inúmeras vezes ele me emprestou também seus ouvidos e quando percebia que o silêncio seria melhor pra mim, permitia que eu me calasse e falava em meu nome.

Tudo isso contrastava, no entanto, com o comportamento de Carlos nos momentos menos difíceis. Se outrora ele parecia ser o centro das atenções, como uma daquelas grandes e gordas mães italianas que povoam nossa imaginação, não deixando jamais “a peteca cair”, como gostava de dizer, quando a tempestade se dissipava, Carlos parecia também se dissipar. Durante algum tempo ainda permanecia em destaque, como que pra conferir se a melhora era permanente ou se era aquela aparente melhora que doentes terminais normalmente têm na véspera da morte (para que possam se despedir, dizem alguns). Confirmada a estabilidade, meu primo começava um processo não muito demorado de diluição de seu papel no cotidiano harmonizado. Tal como um ditador romano eleito pelos cônsules para dar cabo a um conflito, findo o problema, dissolvia-se sua autoridade.

Carlos, nos tempos mais recentes, andava muito ausente. Nos raros momentos em que aparecia, havia algo em seu olhar além da habitual oferta de conforto. Ele parecia saber alguma coisa, algo não muito bom sobre o seu futuro. Hesitava em falar. Seria a maior desonra trazer o menor desassossego, a menor sombra sobre o sol de verão das vacas gordas. Numa das últimas vezes que o vi, deixou escapar que já não fazia planos, que talvez fosse melhor começar denovo. A partir daí não tive dúvidas. Carlos estava se despedindo. Jamais me falaria isso, obviamente. Sabia que eu pediria para que ficasse e que não ousaria recusar tal pedido (como sempre, antecipava-se ao pedido, oferecendo-se voluntariamente).

Apesar de meu grande apreço, aceitei sua decisão. Ele precisava ser útil, senão ali, em qualquer outro lugar. Carlos sempre foi muito espiritualizado. Mantinha, na verdade, um acosmicismo, um amor universal e uma crença na completude. Cria que havia um lugar para tudo e para todos. Convicto de que seu lugar não era mais em minha companhia, partiu. Deixou comigo apenas uma sincera gratidão e o ensinamento de que só existe um problema: o desajuste. Carlos não tinha posses.