domingo, 25 de fevereiro de 2007

Poema sem título


preciso de ar, preciso de espaço
para me encontrar
no tempo
de um segundo até aqui
por onde tanto percorri?
se meus ossos doem
e as gotas correm por dentro
o que há de mim?
que possa dizer
assim
e fim

meus olhos trilham
todos os caminhos contemplados
e assim
preso num insólito presente irrevogável
penso bem alto
enquanto lembro
de passados e futuros pretendidos
amalgamados num suspiro de exilio
e percebo que errei
eu me atrasei num encontro comigo
primeiro cheguei, depois me toquei
e enquanto esperava
com a linha bem solta
deixando-me ao largo
não sei o que houve, tudo mudou
não me encontrei a tempo de realizar meus planos

deve ter sido o som
ou o ar dessas novas paragens
e enquanto um universo se expande em mim
meu corpo é mais encaixotado
sinto-me amigo íntimo
de todos os deuses, de todos os mundos, de todos os povos
mas vejo-me miserável
rastejante a implorar a própria vida
cem mil sábios me acompanham
testemunham meu fracasso
a mais forte legião, dos mais bravos homens, é leal a mim
e eu sirvo de alvo às flechas inimigas
encerrado numa sala de espelhos
com uma só janela que parece mil
eu me debato
e grito
eu já não caibo mais em mim, eu já não caibo mais em mim
e penso
por quanto tempo meus amigos deuses, sábios e guerreiros esperarão por mim?
por quanto tempo estarei a disposição de algum fim?

incrustado nessa pedra
vejo o sol, a chuva, a noite
quando, enfim, se encerrarão as apostas?

Um comentário:

  1. Muito bem soldado, dois braços a menos não te impedem de matar. Vê só, não tenho dois joelhos e sou sargento!

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