sábado, 8 de abril de 2006

Desafio


Eu tenho um desafio: escrever. Eu tenho alguns parâmetros: não falar sobre assuntos pessoais; não falar sobre conjuntura política; não falar sobre assuntos acadêmicos/filosóficos ou com uma perspectiva acadêmica/filosófica. Eu tenho um problema: o que fazer?

O dilema de todo perfeccionista é ter que aprender. Mas eu sinceramente sou um perfeccionista que gosta de aprender. Afinal, desde o século XVI a perfeição não é mais inata. Bem, na verdade a perfeição há muito tempo deixou de existir. Alguns a chamam de engodo, outros de quimera (mentira, só eu uso essa palavra), mas pessoalmente prefiro chamar de referência. Blábláblá, blábláblá. Não tenho paciência para desfazer mal entendidos – talvez eu seja um perfeccionista looser – então, me limito a dizer que não, não pretendo ser perfeito e não, não gosto de ser como sou. Só muito lentamente venho me admitindo como perfeccionista, tal qual um alcoólatra. Perfeccionismo não combina com bacanisse, com pessoas descoladas e com cuca-fresca. Não combina com falar em público, sair a noite e trabalhar. Mas eu relevo, como disse, sou um perfeccionista imperfeito. Talvez um perfeccionista wanna be. De qualquer forma, ter repetido tantas vezes as palavras perfeccionista e perfeccionismo me dá uma terrível sensação de imperfeição. Há tempos eu uso a fórmula do sucesso e de sucesso do AA. Evitar o primeiro erro? Não. Aceitar o primeiro erro! É bom lembrar que estar em paz pode fazer bem. O meu sentido de (in)perfeição me indica nesse momento que este texto corre o risco de se tornar uma espécie de auto-ajuda. Pessoal ele já é, parâmetro violado. Uma falta. Mas enfim, nada é perfeito. (...) Seria uma espécie de esquizofrenia? Seria apenas um indivíduo pós-moderno fragmentado? Não poderia responder a estas questões sem incorrer em erro. Afinal, psicanálise e sociologia já existem, certo? Pois é, vejam só em que um não-texto se transformou: nada. Eu sou uma pessoa bem legal e coleciono minhas incoerências com carinho. Talvez essa coisa de perfeccionismo seja idiota e desprovida de de significado, mas qualquer assunto bobo é interessante pra treinar a escrita. É isso mesmo. Desculpe se você levou muito a sério, ou então se você se identificou com o texto. Ele não foi muito mais que um exercício de retórica. Se eu tentasse reescrevê-lo talvez surgisse um texto elogiando minha virtude de aceitar as coisas como são. Mas vêm cá, vocês acharam mesmo que eu seriamente escreveria um texto tão imperfeito?

2 comentários:

  1. Esse post tá ótimo: confuso e hilário!

    Na minha familía eu tenho muitos perfeccionistas e toqueiros (portadores de TOC, hehehe)em alguns momentos eu até cheguei a pensar que eu fosse perfeccionista!!! Mas desse mal não sofro, apenas em raros momentos pois em todos os outros sou um bagunceiro e desorganizado (adoro minha bagunça-organizada que SÓ eu entendo...)

    Minha cabeça tambem é um pouco bagunçada e as idéias às vezes são um tanto confusas, vai ver que é normal, ou pelo menos se não for normal você não está só no mundo pois devem existir muitos iguais a mim(desajustados, bagunçados) e a você(perfeccionistas-imperfeitos).

    Será que existe alguma sociedade anônima que nos preste auxílio???

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