"E então, meu amigo, o que você quer que eu te responda? Se eu pudesse, responderia sol, lua, espaço, universo. Responderia ar, água, pássaros, floresta. Se eu pudesse, responderia verde, meu amigo. Responderia verão, inverno, chuva, brisa. Responderia vida. Responderia tempo. Mas eu não posso. Eu poderia, no máximo, responder "sol", "lua" e assim por diante. Mas não é isso que gostaria de responder. Essas coisas entre aspas são representações, símbolos. E que diabos você iria querer com símbolos nessa hora? Eu te entendo. Foram os símbolos que te deixaram nesse estado. Por isso eu gostaria de te responder tudo isso. Um tudo novo, limpo de representações, ou melhor, à espera de sua representação. Quem sabe assim poderíamos pensar um mundo melhor. Mas eu não posso, você sabe. Sou apenas humano. Tudo o que posso responder são aspas. Algumas cheias, outras vazias, todas reticentes. E então, meu amigo, condenado a essa condição de representador, tolhido de toda construção sensível, que posso eu te responder, senão o silêncio?"
Conversa interna com a sacerdotisa
Há 4 anos
Ah o Silêncio! O Silêncio do cansaço ou o Silêncio do Krishnamurti?
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