sábado, 18 de abril de 2009

O Ébrio de hoje

Eu juro que vi isso hoje, o que não significa que tenha acontecido.

* * *

Às 5 da tarde, três homens sentados à mesa do bar. Um deles tem a palavra. Ostenta o pior cabelo que alguém pode ter, pior até que não ter cabelo: um corte ao estilo Ney Latorraca. Bigode acinzentado, expressão séria. Os outros dois ouvem com atenção quando ele diz

Você sabe o que é chegar aos sessenta e três...

Pausa dramática. O copo vai à boca e nela escorre um suave gole. Seca os lábios. A audiência, à qual nesse momento somava-se eu, apreensiva. Via amargura naquela frase, quem sabe uma vida de agústias e desejos incompletos, sonhos humildes e irrealizáveis, solidão amarga. Típico desabafo de um ébrio cujo único desejo que lhe resta é ter em seu derrareiro abrigo apenas outros ébrios loucos a chorar e a desabafar. Mas o senhor de olhar impenetrável, continuou

... dando duas por semana?

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